30 de janeiro de 2011

Até que ponto esta revolução no Egipto é positiva?

A revolução de Jasmim, despontou na Tunísia em meados de Janeiro, foi o primeiro passo para os tumultos que têm vindo a espalhar-se pelo mundo árabe, mas será que todos pedem o mesmo?



Quando Mohamed Bouazizi, o jovem de 26 anos com curso superior e que sem trabalho vendia fruta nas ruas, viu confiscada pela polícia a sua banca de fruta, só viu uma solução, protestar da única maneira que ainda não estava proibida pelo regime de Ben Ali, imolando-se no fogo.

Pois bem, foi em menos de um mês que milhares de jovens tunísinos, inspirados em Bouazizi e contra a escalada de preços e o aumento do desemprego, saíram para as ruas, sem medo da forte repressão e após vários dias de protesto, com mais de 100 vítimas pelo caminho que o ditador Ben Ali, há 23 anos no poder, foi deposto.

Desde então, como se de uma praga se tratasse, a revolução de Jasmim tem atravessado as fronteiras africanas. O Rei-fantoche de Marrocos, uma marioneta dos E.U.A, proibiu de imediato a escalada dos preços, no Iémen, milhares de pessoas saíram para as ruas em protesto com o aumento do custo de vida e contra o desemprego que chega aos 40%. Arábia Saudita, Jordânia começam a formar fileiras a preparar-se para o que pode estar para vir.

Mas e o Egipto?
É o país que faz fronteira com a Ásia, produtor de petróleo, com 80 milhões de habitantes, com a importância económica do canal de Suez, o país que costuma liderar as tendências do mundo árabe e está a ferro e fogo com o contagio da revolução de Jasmim.

E se aqui posso exprimir o que penso, já no país dos faraós o uma das primeiras acções do Governo de Mubarak foi tentar conter a rebelião dentro do país, cortou a ligação à Internet de 80 milhões de pessoas e as linhas telefónicas deixaram de funcionar. E se pensava que assim ia controlar a mob que cada dia se espalha mais pelo Cairo, Mubarak pôs o pé na poça. Milhares de jovens egípcios perderam o medo e desafiaram a polícia do Governo do presidente há 30 anos no poder.

Mas, entre inúmeras semelhanças, existem diferenças entre o que se reivindica na Tunísia e no Egipto e foi por isso que Obama decidiu intervir.
O Presidente dos Estados Unidos percebe a importância da permanência de Mubarak no poder, é-lhe conveniente que o ditador continue a manter a boa relação com os Estados Unidos, e foi por isso que Obama não pediu a cabeça de Mubarak como todos os outros protestantes, ao invés pediu que respeite o povo e que dê liberdade de expressão a um povo há muito silenciado, mas Obama só se lembrou de pedir isso agora?

A hipocrisia Americana é perceptível também por outras razões. É que no Egipto não se grita apenas por liberdade, grita-se pela revolução Islâmica, pelo poder Islâmico e um povo oprimido durante décadas por um governo aliado dos E.U.A é um povo que facilmente se pode tornar radical e é isso que se está a ver nas ruas do Cairo. Gritos por Alá, o alcorão na rua e insultos aos Estados Unidos, tudo numa linha muito ténue em que pode descambar para o lado errado.

O povo egípcio merece a revolução, merece liberdade e progresso, o povo de África merece isso. São muitos os regimes ditatoriais e de opressão no continente. Só espero que esta revolução não comece a tender para os lados dos radicais que podem ver aqui uma óptima ocasião para recrutar novos membros e lavar novas mentes, tornando a revolução de Jasmim naquela que pode ser a revolução das cinzas.  

 Insha'Allah

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