28 de abril de 2010

O Up and Down do crude

É instável, caro e vende-se em barris de 159 litros. Ultimamente o preço do petróleo não pára de subir, constitui um dos índices de mercado mais voláteis de sempre e promete continuar assim… Os analistas só prevêem uma direcção para o preço do petróleo: Up!

O homem, com traços marcadamente árabes domina e conduz, pega na companheira, fraca e submissa, e abana-a como muito bem entende, levantando-a e atirando-a cada vez mais alto… Depois de várias quedas, toma-lhe o jeito e lança-a ainda mais para cima… É a dança do preço do petróleo.

O barril de Brent, referência para Portugal, vale actualmente qualquer coisa como 80 dólares. Mas, se recuarmos 12 meses o preço era 77 por cento mais baixo do que é agora. O crude continua a subir, semana após semana, e os analistas do Barclays Capital estimam que esta escalada continue durante o resto do ano, aproximando-se do patamar dos 90 dólares.
Os factores que actuam, directa ou indirectamente, no preço do petróleo são muitos e daí que nos tenhamos detido em alguns deles, analisando-os, de modo a entendermos melhor a dança…

A OPEP

O factor que mais directamente influenciou a escalada do preço do barril foi, sem dúvida, a criação da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que continua a ajuntar no seu seio quem tenha bastante “ouro negro” para vender.
Criada em 1960 por alguns dos países com maiores reservas de petróleo no mundo, a OPEP não tardou a elevar o preço do crude, que na altura se situava em dez dólares, e atingiu rapidamente os objectivos a que se propunha: dominar o mercado do petróleo e fazer com que os seus membros tirassem daí os respectivos lucros.

Actualmente são membros da OPEP:
África – Líbia (desde 1962), Argélia (1969), Nigéria (1971) e Angola (2007).
América do Sul – Venezuela (1960) e Equador (1973).
Médio Oriente – Arábia Saudita (1960), Irão (1960), Iraque (1960), Kuwait (1960), Qatar (1961) e Emirados Árabes Unidos (1967).

A estratégia é conhecida. Quando o preço do barril desce significativamente, como aconteceu em 2008 com o estalar da crise mundial, a OPEP corta uns quantos milhões de barris na produção e, consequentemente, havendo menos produto no mercado, a procura torna-se mais intensa e os preços sobem.
Neste momento, a produção dos 12 cifra-se aproximadamente em 27 milhões de barris por dia. Mas, é bom salientar que não são apenas os membros da OPEP que têm capacidade para influenciar o preço do petróleo, a Rússia é o segundo maior produtor de petróleo do mundo e não pertence à OPEP, assim como o México, a Noruega ou mesmo o Azerbeijão, todos eles possuidores de amplas reservas de crude.



Legenda: As reservas de petróleo da OPEP correspondem a 79 por cento do produto em todo o mundo.

O PIB é outro dos partners no negócio

Como vimos não é só a OPEP que tem influência nos preços do petróleo. No relatório a que já aludimos, o Barclays Capital referiu que a evolução do PIB mundial é quem mais tem influenciado e irá continuar a influenciar a cotação do “ouro negro”.
Em Março o Departamento do Trabalho do Governo dos EUA informou que a economia norte-americana tinha perdido menos empregos que o esperado, indiciando a possibilidade de recuperação económica. Em resposta, os investidores viraram-se para o petróleo na expectativa de que uma melhoria no mercado de trabalho possa levar a gastos mais elevados dos consumidores, com mais dinheiro disponível para empregar em viagens de férias e mais motoristas na estrada, o que, logicamente, levará a um aumento da procura de combustíveis.
E, quando a procura tende a aumentar o resultado fica à vista…: o petróleo subiu para o preço mais alto das últimas sete semanas.


Legenda: Escalada do preço do petróleo no período
entre 1998 – 2009.

A problemática das reservas

Não é novidade nenhuma, o petróleo é um produto não-renovável, e um dia vai acabar. Por outro lado, em termos de custos de extracção, o petróleo que se extrai primeiro é o mais barato, depois disso, é necessário investir fortemente para o tirar dos poços naturais.



Outros factores que podem ainda influenciar o preço do crude são os problemas que os países exportadores enfrentam, nomeadamente ao nível da segurança. A indústria petrolífera e os oleodutos na Nigéria e no Iraque, por exemplo, são alvo de frequentes ataques. Outros factores aleatórios, são os fenómenos naturais, de características sazonais, que ocorrem no Golfo do México e que não raras vezes levam à interrupção da produção, e há também que contar com a instabilidade permanente que se vive no Médio Oriente.

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