Paulo Morais: É necessário pessoas competentes na política

O ex-vice presidente e ex-vereador do urbanismo da Câmara Municipal do Porto, Paulo Morais, deslocou-se no passado dia 24 de Abril à Universidade Fernando Pessoa com o intuito de responder às perguntas dos alunos do 3º ano do curso de Ciências da Comunicação.

Perante a presença dos finalistas de Ciências da Comunicação, Paulo Morais afastado da política desde 2005, falou aproximadamente hora e meia sobre assuntos do seu passado político e sobre a visão política do agora professor de matemática.

“Há políticos a mais em Portugal”

A qualidade dos políticos em Portugal foi um dos assuntos mais abordados ao longo da manhã, o elevado número de políticos em nada beneficia Portugal, outro dos temas em destaque foi a falta de formação politica dos deputados e membros do governo.

É fundamental ter na política pessoas que saibam fazer alguma coisa e não estejam apenas a ocupar o lugar.

“O problema dos deputados terem, ou não, qualidade seria fácil de resolver se tivéssemos menos políticos em Portugal.”

Para mudar esta situação, o ideal seria que se fosse para a política com gosto porque na visão de Paulo Morais apenas deveríamos ter 1/5 do número de políticos que temos.
A simultaneidade de funções que um político acumula é, no ponto de vista de Paulo Morais, algo que jamais deveria acontecer num país que se diz desenvolvido.
É inconcebível que as pessoas que estejam na actividade política simultaneamente tenham actividades privadas que dependem da actividade politica, o próprio número exagerado de políticos em Portugal é um factor propício para que isto aconteça. Os políticos têm que ser políticos em exclusividade.

Para fiscalizar estas situações, o ex-vereador e vice-presidente sugere que sejam criados mecanismos de transparência para que quando se realizam contratos públicos seja possível verificar os cargos que cada uma das partes exerce. Relativamente aos contratos realizados por câmaras municipais, seria interessante criar um site onde cada munícipe pudesse verificar os gastos da sua autarquia, isto acontece em vários países da Europa e nos E.U.A.

Qualquer cidadão poderia ir a um site e ver no que é que o governo gastou o dinheiro, deveria haver deputados que se preocupassem com esta matéria e que se preocupassem em transferir para a população a informação prestigiada a que eles têm acesso, “e não fazer o contrário que é esconder e traficar essa informação” como acusa o ex-autarca.

Quando questionado sobre o tema da nomeação de Jorge Coelho para a comissão executiva da Mota-Engil, Paulo Morais foi sucinto e objectivo:

“O caso do Dr. Jorge Coelho é estranho, foi ministro da obras públicas e hoje foi parar à Mota-Engil ao fim de vários anos.”

Como figura eminente e das mais predominantes do partido socialista, Jorge Coelho quando telefonar a um membro do governo por causa de uma obra pública irá ser difícil perceber quem está a mandar em quem, e segundo Paulo Morais: “isto é muito comum”.

Paulo Morais, que sempre se insurgiu contra a corrupção, terminou esta conferência com os alunos com uma mensagem de esperança no futuro da política.