28 de março de 2007

A ânsia de votar em Salazar...

Os Portugueses decidiram e elegeram, dia 25 de Março, António de Oliveira Salazar como “o maior português de sempre”.
Acaba assim o programa da RTP “Grandes Portugueses”, um modelo original da BBC, que já foi realizado em vários países.

O resultado em Portugal, considerado por uns de surpreendente e por outros de previsível, mostra ao mundo a homenagem que os portugueses prestam ao ditador 37 anos após a sua morte. Curiosamente, Salazar alcança uma vitória na primeira vez que vai realmente a votos, não aprece estranho? Sufrágio e Salazar?
Não vou fazer uma biografia de Salazar porque não é necessário, irei apenas relembrar a alguns (pouquinhos, cerca de 200 mil) o percurso de Salazar aquando da sua chegada ao poder.


Veni, Vidi, Vici, a frase latina que se pode aplicar ao percurso de Salazar, afinal, tal como Júlio César, o ditador português nunca hesitou em mostrar quem mandava, quem possuía o poder e quem e quem obedecia. Dotado de um talento genial para os números, Salazar rapidamente deu nas vistas na Universidade de Coimbra onde frequentava o curso de Direito, o qual concluiu em 1914 com 19 valores.
Em 1928 é chamado para a pasta das finanças no governo do Marechal Carmona e consegue aquilo que muitos consideram de milagre, saldo positivo na balança financeira do país. É aqui que muitos destes neo pró-Salazaristas (sim, porque é de certa forma um fenómeno recente) se baseiam e gritam os “vivas” a Salazar, será escusado (ou não) dizer que Salazar já na pasta das finanças controlava os gastos de todos os ministérios, foi aqui que começamos a ficar para trás.
Chega-se a 1932, Salazar dá o salto, apoiado no prestígio que havia ganho como ministro das finanças! É nomeado
Presidente do Conselho de Ministros, rapidamente se encarrega de mostrar como pretendia governar, havia já criado a união nacional, um partido político legalmente constituído, ainda que, segundo os seus estatutos, elaborados obviamente por Salazar, não fosse um partido, “Os partidos dividem o povo” explicava o mesmo. Rapidamente se apressou a destruir tudo o que se opunha a ele.
Ainda em 1932 é aprovado o projecto para uma nova constituição que seria aprovada em 1933 e viria a instaurar o Estado Novo. Salazar governou segundo princípios católicos eram eles Deus, Pátria e Família, no entanto, a separação entre a igreja e estado foi uma das marcas salazaristas.


Um estado fascista inspirado no de Mussolini (que Salazar revelou mesmo ter a foto dele na mesinha de cabeceira). Ditadura anti-liberal, anti-comunista e anti-parlamentar… Será disto que os Portugueses sentem falta? Não quero acreditar que os 40% de votantes que escolheram Salazar queiram voltar aos tempos sanguinários em que a PIDE se encarregava de calar quem abria demasiado a boca e o lápis azul se apressava a riscar opositores e a vangloriar o chefe supremo como o salvador da pátria.
Acabaria por ser o estado novo a arruinar Portugal financeiramente com a insistência de Salazar em manter as colónias.
Há várias interpretações para este resultado, que na minha humilde opinião é vergonhoso… Será uma resposta à falta de seriedade dos governos dos últimos anos que nada mais fazem do que prometer e não cumprir e encolher ainda mais a tanga que já de si fica apertada…
Terá sido, o facto de os resultados ao longo do programa serem revelados que fomentaram uma competição entre “esquerdistas” e os de direita? Afinal Salazar e Álvaro Cunhal foram finalistas…
Ou então, foi mesmo a mediocridade de uma nação deprimida que, por culpa de um estado novo que cristalizou o país e o deixou com 30 anos de atraso face ao resto da Europa, não soube abstrair-se no presente, de um passado que muitas cicatrizes deixou para o futuro.

Vivemos do passado, está bem que não o devemos esquecer e fazer dele um dogma, mas homenagear a personagem que retirou a liberdade a todos os Portugueses, proibiu a discussão e nos fechou ao estrangeiro… Isto não pode ser bom agoiro.
Salazar é símbolo do passado, e que ainda bem que já passou… Orgulhosamente só, era assim que Salazar deveria ter ficado, num tempo em que nos devemos virar para o futuro em busca da evolução e prosperidade fomos “premiar” quem nos deixou no passado retrógrado camponês e pacóvio.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não se tratou da votação de uma nação deprimida... Tratou-se da votação de uma nação inculta e ignorante que dada a sua falta de sensatez são contra tudo, desconhecendo o verdadeiro sentido de democracia ,ou pior,desconhecendo o significado de fascismo .. enfim...
"Em geral os espíritos medíocres condenam tudo o que não está ao seu alcance." (Euclides). "

Salazar! Salazar! Salazar!

ou não...

Anónimo disse...

Este blog havia d tr + kor e alem dixo mais matéria sobre o estado novo

Sérgio M. disse...

Obrigado pelo comentário, críticas construtivas são sempre bem vindas, pode-se identificar também que aqui não há ditadura, não é preciso ter medo :)